Promessas e Realidades da Guerra Aérea Remota:

diagnóstico global e o cenário de Portugal

Autores

  • João Paulo Nunes Vicente Instituto de Estudos Superiores Militares Centro de Investigação de Segurança e Defesa Lisboa - Portugal

DOI:

https://doi.org/10.22480/revunifa.2012.25.695

Palavras-chave:

Sistemas Aéreos Não Tripulados, Poder Aéreo, Guerra Remota, Portugal

Resumo

Os sistemas aéreos não tripulados (UAS na sigla em inglês) desafiam o paradigma dominante da aviação tripulada provocando alterações na forma e letalidade do combate, na identidade do combatente e na experiência da própria guerra. A introdução de uma capacidade na guerra que faz perspetivar um futuro onde o combate seja desumanizado e conduzido de forma remota e autônoma terá impactos profundos no fenómeno da conflitualidade hostil. A guerra remota traduz a dupla implicação moral do aumento da distância e da remoção do risco do duelo humano. Confirma a tendência histórica de aumento do afastamento físico entre os combatentes, mas acompanha-a com uma desconexão psicológica. Verifica-se uma ampliação da liberdade de manobra política, antecipando se uma maior apetência para fazer a guerra e uma alteração do relacionamento do Estado e da sociedade. A avaliar pela aceleração do ritmo tecnológico, a expansão destes sistemas a outras competências aéreas e a sua proliferação no espaço de batalha, somos levados a aceitar que estamos perante uma Revolução nos Assuntos Militares com implicações épicas, transversais à natureza da conflitualidade hostil, à qual Portugal não se pode alhear. Considerando a especificidade geográfica e geopolítica de Portugal, assim como o emprego do poder aéreo nacional em futuros cenários híbridos e ambientes assimétricos, é fundamental equacionar o emprego de UAS nas áreas de defesa e de segurança. 

Referências

AGÊNCIA LUSA. oe 2012: Ministério da Defesa já anunciou impacto “significativo” nas verbas. [S. l.], 2011. Disponível em <http://www.ionline.pt/dinheiro/ oe-2012-ministerio-da-defesa-ja-anunciou-impactosignificativo-nas-verbas-abandono-missoes>. Acesso

em: 01 nov. 2011.

AGUIAR-BRANCO, J. A Prevenção e a resolução de conflitos em África: Intervenção do Ministro da Defesa Nacional por ocasião da Sessão Inaugural da Conferência Internacional. Lisboa: IDN, 2011.

ALSTON, P. study on targeted killings. New York: United Nations, 2010.

ARKIN, W. Unmanned and dangerous: The Future US Military. Washington Post, Washington, 30 Apr. 2008. Disponível em: <http://blog.washingtonpost.com/ earlywarning/2008/04/unmanned_and_dangerous_ the_fut.html>. Acesso em 19 maio 2012.

ASARO, P. How Just Could a Robot War Be? In: BREY, P.; BRIGGLE, A.; WAELBERS, K. Current issues in computing and philosophy. Amsterdam: IOS Press, 2008. p. 50-64.

BARRETT, E. statement prepared for the Hearing: Rise of the drones: unmanned systems and the future of war. Washington DC: United States House of Representatives Subcommittee on National Security and Foreign Affairs, 2010.

CEBROWSKI, A. F. In: MC IVOR, Anthony (Org.). Rethinking the principles of war. Annapolis: Naval Institute Press, 2005. p. ix-xiii.

CHRONICAS, J. european aeronautics: the southwestern axis. New York: Praeger, 2007.

CLAUSEWITZ, C. on War. Edição e tradução de Michael Howard e Peter Paret. Princeton: Princeton University Press, 1989.

COELHO, P. Forças Armadas darão, como sempre deram, provas de coesão, de serviço ao interesse comum e de patriotismo: Intervenção do Primeiro-Ministro na Abertura Solene do Instituto de Estudos Superiores Militares. Lisboa: Instituto de Estudos Superiores

Militares, 23 nov. 2011. Disponível em Acesso em: 20 maio 2012.

CORREIA, P. Evolução do pensamento estratégico, revolução nos assuntos militares e estratégia pósmoderna. Boletim do Iesm, Lisboa, nº7, p. 33-64, nov. 2009.

CORTEZ, M. sistemas não tripulados: desafio nacional de investigação e desenvolvimento. Lisboa: IESM, 2011.

COSTA, C. Desenvolvimento de sistemas aéreos não tripulados na Força Aérea Portuguesa. Revista AIP. Lisboa, p. 44-50, dezembro. 2010.

DAWKINS, J. unmanned Combat Aerial Vehicles: examining the political, moral, and social implications. Montgomery: School for Advanced Air and Space Studies, 2005.

DEPTULA, D. understanding air power: a joint appraisal. 2011. Comunicação apresentada ao Joint Air & Space Power Conference, Kleve, 2011.

DUNLAP, C. Technology and the 21st century battlefield. Carlisle: Strategic Studies Institute, U.S. Army War College, 1999.

GRAY, C. strategy for chaos: revolutions in military affairs and the evidence of history. London: Frank Cass, 2002.

GROSSMAN, D. on killing. New York: Little, Brown, 1996.

HUNDLEY, R. Past revolutions, future transformations: what can the history of revolutions in military affairs tell us about transforming the U.S. Military? Santa Monica: National Defense Research Institute, RAND. 1999.

IGNATIEFF, M. Virtual war: Kosovo and beyond. New York: Henry Holt, 2000.

ISHERWOOD, M. Roadmap for robotics. Air Force magazine, Arlington, Vol. 92, No. 12, p. 30-34, December. 2009.

_________. Unmanned systems and the joint team. Joint Force Quarterly. Washington DC, Issue 58, p. 5761, 3rd Quarter, 2010.

KILCULLEN, D. effective counterinsurgency: the future of the U.S. Pakistan Military Partnership. Washington: Hearing of the House Armed Services Committee, 2009.

KNISKERN, K. The need for a usAF uAV center of excellence. Montgomery: Air Command and Staff College, 2006.

KNOX, M.; MURRAY, W. The dynamics of military revolution 1300-2050. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

MARTIN, M.; SASSER, C. Predator - the remotecontrol air war over Iraq and Afghanistan: a pilot’s story. Minneapolis: Zenith Press, 2010.

MASON, R. Unmanned Aerial Vehicles: progress and challenge. In: BARNES, Owen (org.). Air Power: UAVs – the wider context. London: Ministry of Defence, 2009. p. 116-123.

MAYER, J. The Predator war: what are the risks of the C.I.A.’s covert drone program? The New Yorker, [S. l.], 26 Oct. 2009. Disponível em: <http://www.newyorker. com/reporting/2009/10/26/091026fa_fact_mayer>. Acesso em: 20 maio 2012.

MEILINGER, P. Paradoxes and problems of airpower. In: PARTON, Neville (Org.). Air power: the agile air force. London: Royal Air Force, 2008. p. 81-96.

OLIVEIRA, S. Origem do Programa PAIC Império UAS. Revista AIP. Lisboa, p. 54-55, dez. 2010.

PARKER, G. The future of western warfare. In: ______. The Cambridge history of warfare. New York: Cambridge University Press, 2005. p. 413-432.

RASMUSSEN, A. NATo and industry: providing security together. [S. l.], 12 Sep. 2011. Disponível em: <http://www.nato.int/cps/en/natolive/opinions_77934.htm?selectedLocale=en>. Acesso em: 20 maio 2012.

RASMUSSEN, M. The risk society. New York: Cambridge University Press, 2006.

SALETAN, W. Ghosts in the machine: do remote-control war pilots get combat stress? [S. l.], 11 Aug. 2008. Disponível em: <http://www.slate.com/id/2197238>. Acesso em: 20 mai. 2012.

_________. Joystick vs. Jihad. [S. l.], 12 Feb. 2006. Disponível em: <http://www.slate.com/id/2135969/>. Acesso em: 20 mai. 2012.

SHARKEY, N. Weapons of indiscriminate lethality. FIfF Kommunikation, [S. l.], 1/09, p. 26-29. 2009.

SHURTLEFF, K. The effects of technology on our humanity. Parameters, Carlisle: US Army War College, Vol XXXII, p. 100-112, Summer. 2002.

SILVA, E.; CORREIA, M. UAV - Unmanned Aerial Vehicles: Que estratégias para os utilizadores e para a base tecnológica e industrial Nacional? Revista AIP. Lisboa, p. 39-43, dezembro. 2010.

SINGER, P. Military robots and the laws of war. The New Atlantis, Washington D.C., p. 27-47, Winter. 2009a.

_________. Wired for war. New York: Penguin Press, 2009b.

TELO, A. Reflexões sobre a revolução militar em curso. Nação e Defesa. Lisboa. Nº 103, p. 211-249, outono/inverno. 2002.

TIRPAK, J. The RPA boom. Air Force magazine, Arlington, Vol. 93, No. 8, p. 36-42, August. 2010.

TRSEK, R. Hitting below the belt: moral and legal barriers to the pursuit of risk-free conflict. Montgomery: School of Advanced Air and Space Studies, 2008.

TVARYANAS, A. et. al. A resurvey of shift work-related fatigue in mQ-1 predator unmanned aircraft system crewmembers. Monterey: Naval Post-Graduate School, 2008.

UNITED STATES. Departament of Defense. Quadrennial Defense Review Report. Washington, DC: Department of Defense, 2010.

VICENTE, J. Beyond-the-box thinking on future War: the art and science of unrestricted warfare. [S. l.] VDM Publishing, 2009.

_________ . Da guerra remota. 2011b. Comunicação apresentada no I Congresso Internacional Observare da Universidade Autónoma de Lisboa, 2011b.

_________. united states Air Force unmanned aircraft systems flight plan. Washington, DC: Department of Defense, 2009.

Rev. UNIFA, Rio de Janeiro, v. 25, n. 30, p. , jun. 2012.

_________. Guerra em rede. Lisboa: Prefácio, 2007.

_________. Sistemas de aeronaves não pilotadas: contributos para uma visão estratégica. Air & space Power Journal em Português. Montgomery, p. 36-49, 2. trim. 2011a.

WEATHERINGTON, D. Acquisition of Department of Defense unmanned Aircraft systems. Washington DC: United States House of Representatives Subcommittee on National Security and Foreign Affairs, 2010.

Downloads

Publicado

2012-07-01

Edição

Seção

Artigos de Atualização

Como Citar

Promessas e Realidades da Guerra Aérea Remota: : diagnóstico global e o cenário de Portugal. Revista da UNIFA, Rio de Janeiro, v. 25, n. 30, 2012. DOI: 10.22480/revunifa.2012.25.695. Disponível em: https://revistadaunifa.fab.mil.br/index.php/reunifa/article/view/695.. Acesso em: 22 dez. 2024.

Artigos Semelhantes

61-70 de 260

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.