Respostas autonômicas cardiovasculares em pilotos militares:

um indicador de desempenho operacional?

Autores

  • Edson Koury do Nascimento Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado Profissional em Desempenho Humano Operacional, Universidade da Força Aérea, UNIFA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
  • Adriano Percival Calderaro Calvo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado Profissional em Desempenho Humano Operacional, Universidade da Força Aérea, UNIFA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
  • Fábio Angioluci Diniz Campos Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado Profissional em Desempenho Humano Operacional, Universidade da Força Aérea, UNIFA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
  • Aylton José Figueira Júnior Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado e Doutorado em Promoção da Saúde e Doenças Crônicas da Universidade São Judas Tadeu, USJT, São Paulo, SP, Brasil
  • Gilberto Pivetta Pires Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado Profissional em Desempenho Humano Operacional, Universidade da Força Aérea, UNIFA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.22480/rev.unifa.2024.37.628

Palavras-chave:

Aviação Militar, Variabilidade da Frequência Cardíaca, Pilotos

Resumo

A aviação tem experimentado significativos avanços tecnológicos que resultaram em substancial aumento de potência e capacidades operacionais das aeronaves. Nesse contexto, as modernas aeronaves de caça, como o mais novo vetor adotado pela Força Aérea Brasileira (FAB), o F-39 Gripen, são capazes de realizar manobras com elevadas cargas acelerativas. Como resultado, os pilotos são expostos aos efeitos do ambiente de hiper gravidade, tendo sua capacidade cardiovascular afetada, chegando à perda de consciência induzida pela Força Gz (G-induced loss of consciousness - G-LOC). Este estudo investigou as respostas autonômicas cardiovasculares, por meio da Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC), em pilotos durante voos acrobáticos reais com o objetivo de identificar e avaliar a viabilidade dessas respostas como um indicador de Desempenho Operacional. Foi empregada a aeronave de instrução T-27 Tucano, do Primeiro Esquadrão de Instrução Aérea (1ºEIA), localizada na Academia da Força Aérea (AFA). A amostra consistiu em 29 militares do sexo masculino, todos pertencentes ao Quadro de Tripulantes (QT) do 1º EIA, divididos em três grupos: Aeronavegantes (AERO); Pilotos Instrutores (INSTR); e Pilotos do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA). Foram analisados índices da VFC em blocos específicos, desde o pré-voo até o pós-voo. A análise das respostas de VFC de pilotos em voo possibilitará o desenvolvimento e aprimoramento de treinamentos mais eficazes, permitindo que essas respostas sejam utilizadas como um indicador de Desempenho Operacional pela FAB, servindo de referência para realização de novos estudos e avanços tecnológicos no setor aeroespacial.

Biografia do Autor

  • Edson Koury do Nascimento, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado Profissional em Desempenho Humano Operacional, Universidade da Força Aérea, UNIFA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

     Possui graduação em Curso de Formação de Oficiais Aviadores pela Academia da Força Aérea (2011), MBA em Gestão Pública, pela Anhaguera de Pirassununga (2016) e Mestrado em Desempenho Humano Operacional pela Universidade da Força Aérea (2023). Realizou os Cursos de Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional para PSAC, pela ANAC (2016), Curso de Gestão e Fiscalização de Contratos Administrativos, pelo Enap (2016) e Mestrado em Desempenho Humano Operacional pela Universidade da Força Aérea - UNIFA (2023).  Atualmente é oficial aviador da força aérea brasileira, servindo no Primeiro Comando Aéreo Regional – I COMAR. Tem experiência em Gestão Pública, com ênfase na Administração pública e na área de Defesa, com ênfase em Defesa Aérea.

  • Adriano Percival Calderaro Calvo, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado Profissional em Desempenho Humano Operacional, Universidade da Força Aérea, UNIFA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

    Possui graduação em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2005), mestrado em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2007) e doutorado em Ciências pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2015). Concluiu estágio de Pós-Doutorado em Ciências Ciências do Exercício e do Esporte pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Atualmente é docente permanente pós-graduação em Desempenho Humano Operacional da Universidade da Força Aérea (UNIFA). Tem experiência na área de Educação Física, atuando principalmente nos seguintes temas: biomecânica, muscular, militar, ambiente extremo e piloto.

  • Fábio Angioluci Diniz Campos, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado Profissional em Desempenho Humano Operacional, Universidade da Força Aérea, UNIFA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

    Possui Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (2003), Especialização em Fisiologia do Exercício pela Universidade Federal de São Paulo (2005) e mestrado em Educação Física pela Universidade de São Paulo (2011). Doutor em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Metodista de Piracicaba (2017). Professor Efetivo do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano - Campus Ceres durante os anos de 2019 e 2020. Coordenador Esportivo do Programa Forças no Esporte no âmbito da Força Aérea Brasileira (2019-2022). Docente e orientador do Programa de Pós-Graduação em Desempenho Humano Operacional (PPGDHO) da Universidade da Força Aérea (UNIFA). Tem experiência na área de Educação Física com os temas aspectos pedagógicos do Treinamento Esportivo e na área de Biodinâmica do Movimento Humano (Desempenho Humano Operacional). Treinador de Voleibol Nível III da Confederação Brasileira de Voleibol.

  • Aylton José Figueira Júnior, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado e Doutorado em Promoção da Saúde e Doenças Crônicas da Universidade São Judas Tadeu, USJT, São Paulo, SP, Brasil

    Formado em Educação Física (1985-1988); Especialista em Ciências do Esporte pelo Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul - São Paulo - Brasil (CELAFISCS);Pós-Graduação em Ciências do Esporte na Faculdade de Educação Física de São Caetano do Sul (1989-1990); Pós-Graduação Fisiologia e Bioquímica do Exercício Instituto de Medicina Esportiva Manuel Fajardo - Havana - Cuba (1991). Coordenador do curso de Pós-graduação em Treinamento Esportivo da FMU;Docente dos Cursos de Graduação da UNINOVE e USJT; Membro da American College of Sports Medicine (ACSM desde 2003), Rede Mundial de Atividade Física e Ambiental (2011) e Sociedade Japonesa de Educação Física, Saúde e Ciências do Desporto.;Professor do Programa de Mestrado e Doutorado da Universidade São Judas Tadeu (USJT), desde 2009; Professor convidado do Programa de Mestrado em Fisiologia Clinica do Exercício- Universidad Mayor - Chile;Membro do CNPq (ad hoc) e da FAPESP (Ad hoc). Assessor do Conselho do Estado de Educação do Estado de São Paulo (desde 2009); Vencedor do Prêmio Literatura Esportiva do Ano oferecida pelo Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (2015); Medalha de Mérito da Educação Física delegada pelo Conselho Regional de Educação Física; Medalha da Comenda da Ordem da Educação Física do Estado de São Paulo; Autor de 12 livros e 26 capítulos nas áreas do esporte, treinamento e atividade física e saúde.

  • Gilberto Pivetta Pires, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado Profissional em Desempenho Humano Operacional, Universidade da Força Aérea, UNIFA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

    Possui graduação a nível de Licenciatura Plena em Educação Física pela Escola Superior de Educação Física e Desportos de Catanduva - ESEFIC (1997), Especialização em Atividades Aquáticas pela Universidade Norte do Paraná - UNOPAR (2000), Mestrado em Educação Física com Área de Conhecimento na Performance Humana, atuando na Linha de Pesquisa da Avaliação da Performance Humana pela Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP (2005), e Doutor em Educação Física com Área de Conhecimento na Escola, Esporte, Atividade Física e Saúde, atuando na Linha de Pesquisa do Fenômeno Esportivo pela Universidade São Judas Tadeu - USJT (2014). Trabalhou com Técnico Desportivo na modalidade de Natação no Clube de Tênis Catanduva (1995 a 2010). Lecionou em cursos de Licenciatura e Bacharelado de instituições de nível superior no estado de São Paulo: Centro Universitário do Noroeste Paulista - UNORP (2005/2007); Universidade Paulista - UNIP (2006/2011); Centro Universitário FAFIBE - UNIFAFIBE (2008/ 2010) ; Faculdades Integradas Fundação Padre Albino - FIPA (2011); e de Roraima: Universidade Estadual de Roraima - UERR (2011) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima - IFRR Campus Boa Vista (2012/2019). Atualmente atua no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado Profissional) em Desempenho Humano Operacional - PPGDHO na Universidade da Força Aérea - Campo dos Afonsos - Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase no Desempenho Humano, atuando principalmente nos seguintes temas: Natação, Medidas e Avaliações, Periodização e Treinamento de Força e Treinamento Desportivo. 

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Publicado

2024-12-16

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Artigos Originais

Como Citar

Respostas autonômicas cardiovasculares em pilotos militares:: um indicador de desempenho operacional?. Revista da UNIFA, Rio de Janeiro, v. 37, 2024. DOI: 10.22480/rev.unifa.2024.37.628. Disponível em: https://revistadaunifa.fab.mil.br/index.php/reunifa/article/view/628.. Acesso em: 18 dez. 2024.

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